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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Rosário

E eu que era um menino puroNão fui perder minha infânciaNo mangue daquela carne!Dizia que era morenaSabendo que era mulataDizia que era donzelaNem isso não era elaEra uma môça que dava.Deixava... mesmo no marOnde se fazia em águaOnde de um peixe que eraEm mil se multiplicavaOnde suas mãos de algaSobre o meu corpo boiavamTrazendo à tona águas-vivasOnde antes não tinha nada.Quanto meus olhos não viramNo céu da areia da praiaDuas estrelas escurasBrilhando entre aquelas duasNebulosas desmanchadasE não beberam meus beijosAqueles olhos noturnosLuzinho de luz paradaNa imensa noite da ilha!Era minha namoradaPrimeiro nome de amadaPrimeiro chamar de filhaGrande filha de uma vaca!Como não me seduziaComo não me alucinavaComo deixava, fingindoFingindo que não deixava!Aquela noite entre todasQue cica os cajus! travavam!Como era quieto o sossegoCheirando a jasmim-do-Cabo!Lembro que nem se mexiaO luar esverdeado.Lembro que longe, nos longesUm gramofone tocava,Lembro dos seus anos vinteJunto aos meus quinze deitadosSob a luz verde da lua.Ergueu a saia de um gestoPor sobre a perna dobradaMordendo a carne da mãoMe olhando sem dizer nadaEnquanto jazente eu viaComo uma anêmona n'águaA coisa que se moviaAo vento que a farfalhava.Toquei-lhe a dura pevideEntre o pêlo que a guardavaBeijando-lhe a coxa friaCom gosto de cana-brava.Senti, à pressão do dedoDesfazer-se desmanchadaComo um dedal de segredoA pequenina castanhaGulosa de ser tocada.Era uma dança morenaEra uma dança mulataEra o cheiro de amarugemEra a lua cor de prataMas foi só aquela noite!Passava dando risadaCarregando os peitos loucosQuem sabe pra quem, quem sabe!Mas como me perseguiaA negra visão escravaDaquele feixe de águasQue sabia ela guardavaNo fundo das coxas frias!Mas como me desbragavaNa areia mole e macia!A areia me recebiaE eu baixinho me entregavaCom medo que Deus ouvisseOs gemidos que não dava!Os gemidos que não davaPor amor do que ela davaAos outros de mais idadeQue a carregaram da ilhaPara as ruas da cidade.Meu grande sonho da infânciaAngústia da mocidade.

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